Cyro Garcia entrevista

Reducionismos e malabarismos acadêmicos nas mais diversas universidades brasileiras infectaram estudantes desavisados. Daí alguns deles, tadinhos, resolveram se declarar membros da V internacional. Sim, eles aderiram democraticamente (sic) ao marxismo. É piada das mais grosseiras, mas eles se pretendem sérios.

Num só dia critiquei as propagandas eleitorais dos partidos PSTU e PCO, a escolha pelo voto nulo e, privadamente, a vergonha alheia representadas por Freixo e seu PSOL. Pra não perder a viagem: Freixo está me cansando. Volto.

O PSTU apresenta para a prefeitura do Rio o melhor comediante da temporada atual: Cyro Garcia. Nos poucos segundos de propaganda eleitoral que possui, o bravo declara o caráter marxista/socialista da sua campanha, pede para que haja mobilização popular para que ele seja incluso nos debates televisionados e  brada contra os malvados burgueses, sempre atrás do lucro nas costas do trabalhador explorado. É sandice amalucada. Mas não é que tem quem ouça e acolha o discurso como algo útil?

Se declarar marxista nos dias de hoje, concorrer a prefeitura se declarando socialista é como se candidatar a prefeito da Baviera se declarando nazista. Entretanto, Cyro Garcia e seus acólitos tem lá seu charme. Entre ele e Aspásia Camargo nos debates, prefiro o marxista.  Ao contrário do que poderia supor Cyro, sou um burguês que sabe dar valor ao trabalho árduo. Aspásia faz humor involuntário com suas caras e bocas. Cyro, por outro lado, é profissional do humor.

Se eu fosse dono de uma rede de TV, fosse eu o Sílvio Santos - além de vender meu banco falido para o Estado que merecidamente repassou o prejuízo aos contribuintes que pagaram o pato sem saberem e sem poderem levar o pato - investiria tudo em Talk Shows marxistas. Na hora da novela, quando a Fazenda ou o BBB pegarem fogo, lançaria o Cyro Garcia entrevista.

Imaginem ai comigo: no primeiro programa Cyro entrevistaria seu grande mentor no humorismo de esquerda: Plínio de Arruda Sampaio. Juntos eles poderiam falar do virtuosismo da dialética (marxista adora uma dialética em qualquer parte da sentença) do marxismo, exaltando seu viés ultra-democrático. Nos programas seguintes Cyro poderia baixar o nível e entrevistar gente da laia de um Niemeyer ou Chico Buarque. Ambos poderiam versar sobre as vantagens de se lutar por um mundo menos injusto dentro de um bar no Leblon.

Eu gostaria de saber como Cyro Garcia há anos vem financiando suas campanhas, todas fracassadas? Karl Marx nunca em toda sua vida entrou numa fábrica para nela trabalhar. Sorte dele ter podido viver muito bem dos estipêndios que Engels arrancava das fábricas de seu pai. Sorte de Marx ter casado com uma mulher de posses. Sorte de Cyro ser sindicalista de carreira. Quem sabe são os trabalhadores sindicalizados que pagam o sonho de Cyro de ser entrevistador?

 

Há quem ache, na maioria jovens mal orientados, que Cyro cumpre um papel democrático denunciando as mazelas da democracia vigente. Logo ele que até hoje não entendeu que o marxismo foi pro vinagre e que o regime é antidemocrático e assassino.

Que Cyro não se aborreça comigo. Topo ser entrevistado por ele. Com meu tipo físico não tenho vaga nem na Fazenda e nem no BBB. Bizarrice por bizarrice, fico com a do profissional.