Bye Bye Brasil. Ou: Vá embora daqui ou morra tentando. Ou ainda: vai um estupro ai?

Quero ir embora do Rio. Quero ir embora do Brasil. Para sempre. Somos incivilizados e incivilizáveis (perdão pelo neologismo). Somos, não. Vocês são. Já desisti de ser brasileiro faz tempo. Esse lero-lero de "todos nós", de consciência de grupo, de coletividade brasileira é coisa de progressista do miolo mole. Prefiro apontar o dedo. É o meu estilo. O estilo de quem quer de qualquer modo sair desse buraco.

No último domingo, abri os jornais e os sites de notícia e descobri que na “cidade maravilhosa”, que de maravilhoso tem só parte da Zona Sul - e olhe lá - 3 mamíferos viventes destacaram tratamento V.I.P a um casal de turistas. O rapaz tomou uns catiripapos, umas barras de ferro na cabeça, foi amordaçado e algemado. De camarote – era da Brahma, aquela que diz que a Copa do Mundo no Brasil será um sucesso? – assistiu sua namorada americana ser seguidas vezes agredida e estuprada.

3 mamíferos. Sorte deles o Brasil ser o que é. 

O caso em si pode parecer só o ato tresloucado de 3 seres amorais. Não é. De muitas formas ele evidencia nossa falência, nossa inaptidão para  sairmos do buraco no qual nos colocamos.

A situação é de toda patética. Dois dos monstros já tinham sido denunciados por estuprarem outras mulheres. Estupraram brasileiras, provavelmente mulheres pobres. Logo, os casos foram ignorados, um em particular ignorado na DEAM de Niterói, aquela altura sob comando feminino. Querendo, aponto até mil erros só neste pequeno aparte. Ficarei apenas com o que mais me chama atenção: quem foi que disse que uma delegada mulher vai atender melhor uma mulher vítima de qualquer violência só porque mulher?

Com a denúncia sumariamente ignorada, se juntou a dupla fora-da-lei mais um monstro. Fizeram o que fizeram. Mas sejamos sinceros, oras... Quem nunca viu uma gringa e pensou: por que não roubar, espancar e estuprar essa vadia metida a superior? Atenção, boçais: estou sendo irônico!

O que vai acima evidencia mais três de nossas falências. A xenofobia invertida, prisma sob o qual quem é turista tem mais é que se fuder, o machismo que faz de uma mulher, das feias as bonitas, das gordas as magras vítimas da vontade de homens doidos - mas sejamos justos são democráticos ao menos - e a falta de conhecimento do conceito básico da interpretação de texto. É preciso avisar que se está sendo irônico, do contrário o mundo de comentários idiotas pode cair sobre você. 

Hoje é quarta. Todos os envolvidos no crime já foram devidamente identificados e presos, num belo trabalho da DEAT (Delegacia Especial de Apoio ao Turista). Quem dera fossem todas as delegacias eficientes como essa é. Mais uma falha nossa!

Minha velha cantilena de sempre, cansativa, eu sei, mas atual, é a de pedir a pena de morte para os mamíferos da van. Mas quê? Essa discussão foi sequestrada pelos bons moços e moças. Eu é que sou um entreguista sanguinário, reacionário-burguês-da-classe-média. Um revoltadinho. Ok, sou isso tudo, mas não ando por ai nem espancando, nem estuprando. Muito menos tento calar os que discordam de mim. Só discordo deles. Peremptoriamente. No Brasil do assassinato, do estupro, no Rio da Copa do Mundo, das Olimpíadas, quase tudo o que penso e digo parece absurdo a outros olhos. 


Quero ir me embora. Quero é dar o fora e não quero que vocês venham comigo! 

Prefiro Londres onde foi assassinado o brasileiro Jean Charles. Lá um brasileiro assassinado é fatalidade. Aqui é método. São 50 mil por ano. Prefiro arriscar minhas chances sob o preconceituoso (sic) Fog londrino. 

PS: Quem não gosta da minha falta de brasilidade, peço, colabore comigo e deixe na minha conta um trocado pra que eu parta dessa terra esquecida pela lei.