sexta-feira, 5 de abril de 2013

O Polêmico Conceito “Samba de Escritório”


Ah, o samba! Quando se pensa em samba, pensa-se num local harmônico, onde quase não há polêmicas... Não é bem assim! Vamos rapidamente entender primeiro onde surge este artigo. Um dos períodos mais movimentados e animados durante o ano em uma escola de samba é, normalmente, a disputa de samba enredo. Durante essa disputa de samba parcerias de compositores vão semana a semana apresentando seus sambas de forma eliminatória até chegarmos ao campeão, no samba que a escola levará pra Sapucaí. Bem, a polêmica da qual trataremos aqui está em alta entre os compositores, o conceito “Samba de Escritório”.

  

O “Samba de Escritório” é utilizado para considerar um compositor tradicional de uma escola que ajuda ou até é acusado de fazer o samba para uma parceria de outra escola, porém não assina o samba. É visto por muitos compositores por falta de respeito e ética. Historicamente esta crítica não faz muito sentido. Vamos para o berço do samba, em 1916, onde neste período a casa da baiana Ciata, localizada na Cidade Nova, era uma referência para os negros e mestiços músicos do Rio de Janeiro. Foi nesta localidade que o compositor Donga, filho da Tia Amélia, outra baiana, percebeu que aqueles versos cantados nas rodas de música poderiam virar um samba. Fez-se então a parceria com o Jornalista Mauro de Almeida na composição do samba “Pelo Telefone”, registrada na Biblioteca Nacional e gravada na Odeon. Mas nem todos aceitam essa história, há uma corrente que defende que este samba não foi feito por eles. Anos depois, no período já da morte de Donga, nascia Noel Rosa. Noel Rosa foi um excelente compositor, vendeu diversos sambas, fazia parcerias muitas vezes por interesses financeiros, neste período outros compositores agiam da mesma forma, Ismael Silva, Wilson Batista.
Nos dias de hoje não é visto ninguém por em cheque a qualidade e talento desses gênios. Como também são absurdas acusações desse nível. O compositor tem o prejuízo com o palco, interpretes, com artigos para enfeitar suas torcidas, e ainda iriam querer rachar com mais um o valor dos direitos do samba, sendo que parte fica para a escola, outra parte tapa os prejuízos da disputa, sendo que este mais um nem assinou o samba? Não faz sentido. E mesmo que fizesse, para que prender e encurralar o talento? Ajudar, recebendo algo ou não, é antiético? Incompreensível. Se este conceito “samba de escritório” for realmente o que se diz, que continue! Quantos mais sambas de qualidade e feitos por grandes compositores melhor!       
 




Thales N.

3 comentários:

Anônimo disse...

Sua ideia do que é escritório infelizmente é mais romantica do que a realidade apresenta. O que temos é que os 5 ou 6 que assinam o samba do escritório, muitas vezes sequer escrevem um verso do samba concorrente. Daí não se incomodarem em dividir com "mais um" que é o responsável pelo samba de fato.
Há vários tipos de acordo. Pode-se dividir o premio igualmente para todos os parceiros (os que assinam ou não). Nesse caso, uns 200 mil reais divididos por 10 ou 12 não é uma quantia desprezivel. Ou o escritorio pode ficar com a metade da grana, e a parceria que assinou o samba ficar com a outra metade. Ou o cara que investe dinheiro pode receber mais que os outros. O fato é que financeiramente, quaqluer acordo é vantajoso. Posso afirmar que em pelo menos um dos 12 sambas do Grupo Especial em 2013, os "compositores" que assinaram sequer OUVIRAM o samba antes de ser gravado, de modo que faz TODO o sentido aceitar dividr o $ com mais um ou mais 2,3,4 que sejam. Abraços!

Anônimo disse...

Outra coisa que faltou explicar, é que os escritórios smepre têm um aparato financeiro grande, o que faz diferença numa disputa de samba. (Em 2012, a parceria campeã do Salgueiro gastou 90 mil reais, por exemplo, entre bandeiras, panfletos onibus e ingressos ).

Um compositor que tenha um smaba muito bom, mas sem o mesmo aparato financeiro do escritório tende a perder disputas contra sambas bons, mas com maior investimento. (A principal diferença é o cantor... a diferneça de preço por noite entre um grande cantor e um cantor mediano pode ser de 1000 reais... considerando que são umas 6,8 noites).



Infelizmente, o escritório não é só "ajudar" a terminar um samba, ou só "desfilar" o talento por outras agremiações... o escritório é uma empresa de alto investimento sempre voltada ao LUCRO, em primeiro lugar.



Aqui cabe uma ressalva, no entanto, eu tenho como minha opinião que o melhor samba deve vencer sempre, seja ele do Cláudio Russo, do Arlindo Cruz, do Zé das Couves ou de quem quer que seja, independente de ser de dentro da escola ou de fora. Mas não podemos negar que muitos sambas "parecidos" e melodias que ouvimos e sabemos já ter ouvido antes, são frutos de escritórios que fazem sambas em modelo fordista.

Mas eu sou contra os escritórios? Não, não sou, acho que as escolas que escolhem sambas ruins, e os jurados que julgam mal são mais culpados que os compositores... Sou até a favor que se libere a assinatura de sambas em todas as escolas, para que possamos reverenciar os VERDADEIROS compositores, já que hoje, a maioria dos sambas são assinados pelos laranjas.

Mas não podemos romantizar os escritórios como se fosse uma simples ajuda ou um favor. Cartola vfendeu sua primeira música pelo preço de dois cigarros. Os escritórios vendem suas músicas por 200, 300 mil reais... É uma comparação bem diferente.


Abraços!

Anônimo disse...

Afff... "Incompreensível. Se este conceito “samba de escritório” for realmente o que se diz, que continue! Quantos mais sambas de qualidade e feitos por grandes compositores melhor!" Totalmente sem noção esse comentário. Esses sambas de escritório não são feitos por grandes compositores. É tudo samba lixo. Samba descartável. Me diz um samba de escritório que tenha ficado na memória de alguém...