domingo, 15 de março de 2015

Um dia inesquecível que ainda não terminou

Acordei cedo no domingo dia 15/3, meu dia de descanso. É que como todo bom burguês opressor da elite trabalho de segunda a sábado. Levantei às 6h mais precisamente para levar minha namorada ao ponto de ônibus. Ela, branca para alguns mestiça para mim, é membro inconteste da elite. Como tal, trabalha aos domingos. 

Panelas a mão. Talheres ao ar. 
Dilma vai embora/que o Brasil não quer você/E leva o Lula junto/com os bandidos do PT

Voltei para casa, me arrumei e rumei para Copacabana. Posto 5. O lugar marcado para nós, os descontentes da elite. Ônibus rumo ao Centro da Cidade. É como se transporta a elite carioca, dizem os Kfouris da vida. Metrô rumo a Copacabana. 

Emoção. Eram famílias, muitas saídas do subúrbio, como eu sai. Crianças de colo, adolescentes, idosos. As camisas, as do Brasil ou uma verde ou uma amarela davam o tom. O clima era amigável. A espera, estação a estação, em júbilo. 


Desço na estação Cantagalo. O trajeto até a superfície se faz em meio a palavras de ordem. Fora Dilma! Fora PT! Vergonha, o PT é uma vergonha! Vergonha. É o que alguns ali sentiam de si mesmos. Reconheciam, suas expressões denunciavam, que se deixaram enganar por um governo larápio. 




A praia de Copacabana a minha frente. A companhia é de amigos, alguns feitos na hora, ali, na ação de tentar resgatar o país. O mar era de gente. Quantos éramos não mais passava pela minha cabeça. Já havia entendido a vitória. 

E a entendi quando vi uma senhora de andador, camisa roxa, altura da Rua Bolivar. Uns 85 anos. Era por volta das 11h. Ela não deu um pio. Mas ria. Regozijou só, até onde minha vista alcançava, aquele momento. Talvez lembrando das passeatas do Fora Collor. Talvez lembrando da Campanha pelas Diretas Já. Talvez, ela tem idade para tanto, lembrando a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, de 1964. Pouco importa qual. Era a retina dela, cansada, que fizera a escolha, transfigurava-lhe a memória e a fazia sorrir. 

Melhores Momentos do Nosso Terceiro Turno Contra a Corja
Naquele momento entendi tudo. Me vi certo por não ter feito a escolha fetichista dos que pareciam mais se importar em tirar fotos suas "salvando o país" com a bandeira do Brasil dependura de qualquer modo pelo corpo. Sou um homem antigo. Analógico. Como uma senhora dos seus mais de 80 anos, mobilidade prejudicada, que por anos acordou cedo e hoje repetiu o ato em nome do começo da retomada o timão do país. 

O dia 15/3/2015 começou antes da 00:00 de hoje. Já é inesquecível. Já é histórico. Só acabará quando o PT cair. Ai, depois, começaremos outra vez. Até o dia de hoje terminar. 


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