Dois amigos. Um amigo e uma amiga. Os dois afastados, como se presos numa ilha-prisão, cerceados de liberdades básicas por um ditador barbudo.
Ele é líder sindical. A geografia que nos afastou o levou para Minas Gerais. A internet que nos reaproximou escancarou nossas diferenças ideológicas. Altamiro seu nome. O chamo de Mirinho. Se o chamava assim nos anos 90, já distantes, me permiti seguir na toada. Sempre foi honesto. Falhas tem várias, mas por algum motivo que me foge, a memória de elefante que tenho não se lembra de nenhuma. Sei que sua vida, como a de quase todos, não foi fácil. Nada é fácil.
Ele é líder sindical. A geografia que nos afastou o levou para Minas Gerais. A internet que nos reaproximou escancarou nossas diferenças ideológicas. Altamiro seu nome. O chamo de Mirinho. Se o chamava assim nos anos 90, já distantes, me permiti seguir na toada. Sempre foi honesto. Falhas tem várias, mas por algum motivo que me foge, a memória de elefante que tenho não se lembra de nenhuma. Sei que sua vida, como a de quase todos, não foi fácil. Nada é fácil.
Ela é médica. É das mentes a mais privilegiada que conheço. É, sei bem, uma batalhadora. Enquanto eu era tolo, ela estudava. Enquanto eu jogava bola, ela estudava. Enquanto eu saia para o que minha mãe chama de esbórnia, ela estudava. O futuro que queria garantir pra si dependia, ela desde os 14 anos sempre soube, do seu esforço pessoal já que a bonança financeira não lhe deu o ar da graça desde o berço. Nunca foi pobre de marré desci. É branca e bonita. Se é a favor ou não de cotas, não sei, nunca a questionei. De certo, ela sabe que não há cota ou ONG que a proteja. A geografia circunstancial que nos afastou não é maior do que as circunstâncias da vida que nos ilhou. A vida atribulada que a médica Natasha leva impede que nos vejamos e mais ainda, impede até mesmo o contato saudável via internet.
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"Uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade" Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda Nazista |
Por que cito os dois? Como se este texto fosse prova universitária: "Analisem o quadrinho acima" - que não é da Mafalda.
Mirinho postou a tira no facebook. Entende que nela há mensagem positiva. Não há. Para começo de conversa, o governo não contratou só médicos cubanos, o que aumenta o absurdo da situação. Segundo, a tira escancara, na chanchada, ao induzir o leitor a imaginar que quem não aceitou trabalhar nos confins do país - deixando os mais pobres sem médicos - é um filhinho de papai, protegido por um sindicado corporativista. A tese é falsa.
Exemplifico pela Natasha, Mirinho. Ela nunca foi filhinha de papai. Cursou medicina numa universidade pública após algumas tentativas de admissão. Àquela altura meu contato com ela era limitado, porém sei que dificuldades várias se avolumaram. Ela as venceu. É, para dizer o mínimo, injusto querer que ela trabalhe onde não possa ou não queira. É vergonhoso querer obrigá-la a trabalhar onde não há e nem haverá condições mínimas para exercer sua função. É ridículo tachar quem exerceu sua liberdade de escolha como filhinho de papai.
Mirinho e Natasha, com toda certeza não se lembram que se conheceram. Faz 14 anos, fomos os três a uma mesma festa de 15 anos. Entrego de certa forma nossas idades por estar certo que Mirinho, se tivesse na sua memória a figura que conhecera, jamais teria acometido tal erro de juízo.
Avançando, a questão real sobre a importação de médicos, sejam cubanos ou espanhóis, é de tal sorte esdruxula que cotejada a lógica apenas os enganados/desinformados e os maus caracteres se postam ao lado do programa e de sua execução.
A MP nº 621 (Medida Provisória) que regula e institui o programa Mais Médicos deveria - antes de tomar seu curso - ser aprovada no Congresso. Não foi. O governo passou por cima da ordem democrática, anunciou que traria médicos estrangeiros e deu uma banana para o Congresso. Particularmente acho a representação legislativa que temos péssima. Isso não quer dizer que queira eliminá-la. Os que hoje se regojizam com o absurdo são os mesmos que choramingam nas ruas quando os deputados e senadores dão uma banana para a ordem constitucional. Isso tem nome. Em Cuba é hipocrisia. No Brasil é falta de caráter mesmo.
Os médicos cubanos estão aqui numa situação especial. Se algum deles por motivo qualquer quiser ficar neste solo após o período de trabalho, não poderão. O Governo amigo e gentil que os trouxe se precaveu judicialmente até. O nome disso? Liberdade, claro!
A questão trabalhista nem deveria ser explicada. É duro morar num país no qual pessoas muito bem colocadas, universitários, professores e afins não sabem ou fingem não saber que qualquer profissional que preste serviço aqui tem de se submeter às leis trabalhista daqui.
Quem está intermediando a vinda dos médicos para cá é a OPAS (Organização Panamericana de Saúde). Vai receber R$ 25 milhões por isso. Os desassistidos brasileiros são um grande negócio. Mas nos fixemos na ilegalidade. A quarta cláusula do contrato assinado entre o Ministério da Saúde e a OPAS, dá o tom da trama.
Leiam:http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Ago/27/OPAS_27022013.pdf.
Não entenderam? Explico. Diz-se ali que os médicos estão submetidos às leis brasileiras no que se refere às leis civis e penais. Não às trabalhistas. Trata-se, não há outro nome, de exercício ilegal da profissão.
Leiam a cláusula sétima. Ela exime de responsabilidade a OPAS. Erro médico cubano ficará na conta do nosso bolso, via Dilma. Nós pagamos a OPAS, pagamos Cuba por seus médicos, damos um trocadinho para suas famílias e para eles próprios e, se preciso for, arcamos com os prejuízos do erro de médicos que exercem ilegalmente a profissão, independente de se aprovados no REVALIDA ou não. E há quem entenda que a medida é boa ou útil!
A saúde brasileira é um caos. Um caos caro. Vamos gastar um dinheiro a mais com médicos estrangeiros, embora formemos 13 mil médicos por ano e, sabemos todos, não resolveremos problema algum. Ao invés de sentar e conversar com o sindicato dos médicos, de sentar e conversar com os planos de saúde, que lucram bilhões graças ao não funcionamento adequado da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), preferiu o governo fazer proselitismo político da questão, numa medida claramente eleitoreira que busca alavancar o nome do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha (os céticos podem printar e me cobrar no ano que vem o que digo agora!) ao governo do estado de São Paulo. Os pobres e desassistidos que se danem!
Poderiam ser médicos gregos, americanos, sírios. Seria tudo absurdo ainda assim. Serem cubanos apenas piora a balela toda. Mais médicos só a base de Rivotril. Mais médicos servirá para quem?
PS: Aloísio Mercadante, li agora, quer implantar o programa Mais Professores, emulando o Mais Médicos. Até que eu gostei dessa (sic). Ao invés de dar trela aos professores grevistas, demita-os e traga professores cubanos, eslovenos, japoneses, a R$ 700 por mês. Quem foi que disse que tudo que vem do PT é ruim????
Mirinho postou a tira no facebook. Entende que nela há mensagem positiva. Não há. Para começo de conversa, o governo não contratou só médicos cubanos, o que aumenta o absurdo da situação. Segundo, a tira escancara, na chanchada, ao induzir o leitor a imaginar que quem não aceitou trabalhar nos confins do país - deixando os mais pobres sem médicos - é um filhinho de papai, protegido por um sindicado corporativista. A tese é falsa.
Exemplifico pela Natasha, Mirinho. Ela nunca foi filhinha de papai. Cursou medicina numa universidade pública após algumas tentativas de admissão. Àquela altura meu contato com ela era limitado, porém sei que dificuldades várias se avolumaram. Ela as venceu. É, para dizer o mínimo, injusto querer que ela trabalhe onde não possa ou não queira. É vergonhoso querer obrigá-la a trabalhar onde não há e nem haverá condições mínimas para exercer sua função. É ridículo tachar quem exerceu sua liberdade de escolha como filhinho de papai.
Mirinho e Natasha, com toda certeza não se lembram que se conheceram. Faz 14 anos, fomos os três a uma mesma festa de 15 anos. Entrego de certa forma nossas idades por estar certo que Mirinho, se tivesse na sua memória a figura que conhecera, jamais teria acometido tal erro de juízo.
A questão dos médicos cubanos.
Avançando, a questão real sobre a importação de médicos, sejam cubanos ou espanhóis, é de tal sorte esdruxula que cotejada a lógica apenas os enganados/desinformados e os maus caracteres se postam ao lado do programa e de sua execução.
A MP nº 621 (Medida Provisória) que regula e institui o programa Mais Médicos deveria - antes de tomar seu curso - ser aprovada no Congresso. Não foi. O governo passou por cima da ordem democrática, anunciou que traria médicos estrangeiros e deu uma banana para o Congresso. Particularmente acho a representação legislativa que temos péssima. Isso não quer dizer que queira eliminá-la. Os que hoje se regojizam com o absurdo são os mesmos que choramingam nas ruas quando os deputados e senadores dão uma banana para a ordem constitucional. Isso tem nome. Em Cuba é hipocrisia. No Brasil é falta de caráter mesmo.
Os médicos cubanos estão aqui numa situação especial. Se algum deles por motivo qualquer quiser ficar neste solo após o período de trabalho, não poderão. O Governo amigo e gentil que os trouxe se precaveu judicialmente até. O nome disso? Liberdade, claro!
Concluindo:
A questão trabalhista nem deveria ser explicada. É duro morar num país no qual pessoas muito bem colocadas, universitários, professores e afins não sabem ou fingem não saber que qualquer profissional que preste serviço aqui tem de se submeter às leis trabalhista daqui.
Quem está intermediando a vinda dos médicos para cá é a OPAS (Organização Panamericana de Saúde). Vai receber R$ 25 milhões por isso. Os desassistidos brasileiros são um grande negócio. Mas nos fixemos na ilegalidade. A quarta cláusula do contrato assinado entre o Ministério da Saúde e a OPAS, dá o tom da trama.
Leiam:http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Ago/27/OPAS_27022013.pdf.
Não entenderam? Explico. Diz-se ali que os médicos estão submetidos às leis brasileiras no que se refere às leis civis e penais. Não às trabalhistas. Trata-se, não há outro nome, de exercício ilegal da profissão.
Leiam a cláusula sétima. Ela exime de responsabilidade a OPAS. Erro médico cubano ficará na conta do nosso bolso, via Dilma. Nós pagamos a OPAS, pagamos Cuba por seus médicos, damos um trocadinho para suas famílias e para eles próprios e, se preciso for, arcamos com os prejuízos do erro de médicos que exercem ilegalmente a profissão, independente de se aprovados no REVALIDA ou não. E há quem entenda que a medida é boa ou útil!
A saúde brasileira é um caos. Um caos caro. Vamos gastar um dinheiro a mais com médicos estrangeiros, embora formemos 13 mil médicos por ano e, sabemos todos, não resolveremos problema algum. Ao invés de sentar e conversar com o sindicato dos médicos, de sentar e conversar com os planos de saúde, que lucram bilhões graças ao não funcionamento adequado da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), preferiu o governo fazer proselitismo político da questão, numa medida claramente eleitoreira que busca alavancar o nome do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha (os céticos podem printar e me cobrar no ano que vem o que digo agora!) ao governo do estado de São Paulo. Os pobres e desassistidos que se danem!
Poderiam ser médicos gregos, americanos, sírios. Seria tudo absurdo ainda assim. Serem cubanos apenas piora a balela toda. Mais médicos só a base de Rivotril. Mais médicos servirá para quem?
PS: Aloísio Mercadante, li agora, quer implantar o programa Mais Professores, emulando o Mais Médicos. Até que eu gostei dessa (sic). Ao invés de dar trela aos professores grevistas, demita-os e traga professores cubanos, eslovenos, japoneses, a R$ 700 por mês. Quem foi que disse que tudo que vem do PT é ruim????
10 comentários:
Só que a Natasha é exceção entre milhares de filhinhos de papai que realmente não querem ir pra lugares do interior. A saúde é um caos? É, sem dúvida.
Mas há muita gente que faz medicina por questão de status, pra dizer que é 'doutor'.
E outra não é a primeira vez que cubanos vem para o Brasil. No governo FHC eles também foram onde filhinhos de papai não quiseram ir. A VEJA fez uma reportagem elogiando, na época, o excelente atendimento dos cubanos.
Talvez pode ser até algo eleitoreiro, mas os cubanos e estrangeiros em sua maioria, sabem colocar a mão na massa. Ao contrário de muitos médicos que preferem montar a clínica particular e se esquecem do juramento quando se formaram, que em síntese, não é pelo dinheiro, mas sim por salvar vidas humanas.
Entretanto, gostei do teu texto, é esclarecedor e é bom ver o outro lado. Abraço.
http://utopianongrata.blogspot.com.br/
Não sou contra os médicos cubanos virem para o Brasil mas, de outro jeito, esse contrato foi um auxílio que anos atrás Lula queria tanto dar para Cuba, agora esse oficializou com a vinda desses médicos. Acredito que se realmente fosse algo mais planejado e menos custoso a vinda dos médicos poderia sim ser uma boa mas, na forma como se deu é uma tolice.
É, amigo Caju. Tenho que admitir que se superou neste texto. E, de fato, me mostrou que minha postagem acabou por fazer algo que sempre evito e detesto quando outros fazem: generalizar.
Mas uma coisa é fato, uma matemática bem triste: a quantidade de médicos pilantras, desumanos, que só pensam em seus bolsos, é ENORME! Maioria ou não, não importa. Estão por aí a vaiar estes que vêm atender onde nenhum deles quis. E pq ninguém quis? Bom, temos vários motivos a listar, dos quais acho q comungaríamos a maioria. Mas, neste momento, é um fato: NINGUÉM QUIS!!!
Quanto a todo caráter eleitoreiro, uma infelicidade tremenda eu não poder discordar. Quanto à legalidade, ainda não fiz aquele dever de casa que te prometi, mas confesso que você está bem convincente. Sem surpresa, não vejo no PT a santidade de não fazer algo que atropele leis e, obviamente, a democracia. Mas, se de um lado temos um partido imundo e manipulador "na situação", temos uma classe que deveria mostrar humanismo elevadíssimo mas, na verdade, expõe mazelas tão escrotas quanto as que vemos nos noticiários sensacionalistas. Uma pena. Na briga entre a sociedade médica brasileira e o PT(e adjacências), ganham os que, ENFIM, vão ter algum atendimento, ganham os profissionais cubanos. Bom, ganham, também, alguns imundos do PT, da OPAS... Perdem, como sempre, muitos de nós.
Me resta ficar feliz com estes que ganham, pois muito precisam deste atendimento (seja lá de onde vier), com estes PROFISSIONAIS MUITO BEM FORMADOS (conheço pessoas de alto gabarito técnico/intelectual que estudaram e trabalharam por lá e que BRADAM isto) que vão trazer muita humanidade desligada de fins financeiros. Me resta a esperança de que haja mudança na sociedade médica brasileira, entidade que, assim como muitas (incluo a minha!!!), precisam de mudanças radicais em suas mentalidades. E me resta a luta para que minhas reclamações não sejam apenas rebeldia com causa, porém sem efeito. Lembre-se que, de nós dois, eu sou o otimista e você é o que fica dizendo que nada tem jeito... rsrsrs
Quanto à Natasha (foi uma festa q agt foi de penetra??!! rsrs), tenho a esperança de que, tendo a mesma origem média que nós, se mantenha firme no humanismo e na honestidade. De uma forma diferente, mas assim como eu, ela está num meio que vai trazer, com (muita!) frequência, ofertas a se corromper e desumanizar. Eu já tive algumas. É triste. Pra uns, torna mais forte, reforça o ideal. Pra outros, leva ao(s) outro(s) lado(s), esses que sempre criticamos, sem ou com as mais variadas bandeiras partidárias...
Fico contente que você leia o outro lado e o entenda, sem querer cerceá-lo, Thamyris. Filhinhos de papai, sejamos sinceros, estão pouco ligando para mais ou menos médicos e, menos ainda pra nacionalidade deles. A medida do governo vai atingir médicos como a Natasha, que não podem abrir uma clínica conveniada com a Unimed por não ter capital para isso. E o governo queria mandá-la compulsoriamente para onde ela - e tantos outros - não querem e nem podem ir. A matéria da Veja eu li. E eles erraram. Destaco que naquela oportunidade o trabalho dos cubanos foi considerado ilegal em alguns estados e os cubanos impedidos de trabalhar. Fará a justiça o mesmo agora, ou por acaso a lei mudou de 1999 pra cá?
Exato, Gabriel - seu apelido é impublicável, certo, rs. O problema é como foi feito e por quem foi feito, e não a nacionalidade dos médicos.
Sem mais! Bravo!
Concordo com muito que foi dito em mais um de seus bons textos, porém gostaria de lembrar que os médicos cubanos que aqui estão não devem ser hostilizados de forma alguma, pois estão aqui para trabalhar exatamente onde muitos não quiseram.
É errado traze-los? SIM, mas já que vieram, devem ser tratados com respeito e fazer um bom trabalho.
Parabéns pelo texto!
Quem hostiliza aqueles cubanos, que são tão vítimas como nós, cidadãos de bem, não sabe o que está fazendo ou está protestando de forma errada. Eles são vítimas também. Mas não tratarei disso nesse momento. Como sempre, agradeço de coração o elogio.
Abraços!
Não acho que seja errado trazer os médicos cubanos não, acho errado um médico se formar e não querer atender pessoas em qualquer lugar do país, ou até mesmo aqui, já que existem médicos que fazem juramento e quando um paciente precisa ser atendido ou faltaram o plantão, ou estão de má vontade já que as pessoas que precisam do SUS são pessoas humildes. Acho errado sim trazer médicos que estão com boa vontade e não ter condições de trabalho, faltam equipamentos, estrutura e etc... Acho errado desrespeitar esses médicos que se propuseram a vir ajudar pessoas serem hostilizados, mas do povo brasileiro espera-se tudo porém tomara que eles façam bem feito e todo mundo quebre a cara de ter falado mal dessas pessoas que estão aqui só para ajudar.
Vou tomar a liberdade de chamá-la de tia, Tia Marcia. Não se zangue! rs.
Antes de mais nada, devo assinalar que como bom defensor da liberdade de escolha, entendo que se um médico não quer nem por 1 milhão por mês trabalhar no cafundó do brejo, quem sou eu para jugá-lo, o que posso fazer? Decisões de foro íntimo, nenhuma delas, me diz respeito.
É uma obviedade que os médicos cubanos recepcionados deselegantemente em Fortaleza não mereciam aquele tratamento. São, ainda que coadunem com o barbudo Fidel, tão vítimas quanto os necessitados brasileiros. Só que se está satanizando toda uma classe por conta de uma meia duzia. Maus médicos há as fartas, assim como maus advogados, maus taxistas, maus pedreiros e maus professores de história (Lucas e eu não!).
Sem o mínimo de condições para desenvolverem seu trabalho médicos cubanos e brasileiros não podem fazer muita coisa, pra não dizer nada. O que quis como central no texto que fiz é o descalabro do governo, que a rigor termina seu 11º ano, ao tornar uma questão de ajuda aos que precisam em dividendo eleitoral, porque a verdade é que a vinda de médicos serve para catapultar a candidatura do Ministro da Saúde ao governo de SP. E só isso. Os que precisam, alguns e pouquíssimos deles, que fique claro, terão médicos a disposição. Continuaram sem leitos, sem remédios, sem diagnósticos, sem exames. Vão morrer assistidos pelas barbas do Fidel e pela cretinice brasileira.
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