Bem amigos da Rede Globo...
Na noite da
ultima sexta-feira, pouco antes de dormir, abri o computador para dar aquela
última olhada nas notícias. Em meio a notícias da Síria me deparo no site do O
Globo com uma manchete que chamou minha atenção. Na hora percebi que aquilo
iria repercutir.
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Passado, presente e futuro. |
O editorial
trazia a manchete “Apoio
editorial ao golpe de 64 foi um erro”. Engoli
seco e pensei: vamos lá, essa leitura promete. Já me chamou a atenção logo o
título, referindo-se a um golpe e não a uma revolução como o jornal tratou por
certo tempo. Ao fim e ao cabo, a empolgação ficou mesmo pelo título, a redação
do editorial trazia um mero exercício de justificativa, frustrando minha
expectativa de ver aberta a caixa preta da relação da mídia com o governo
militar. O Globo também tratou logo de jogar outros jornais na bacia das almas,
como Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo, o Jornal do Brasil e o Correio
do Brasil. Ao longo do texto, o jornal apresenta uma série de justificativas
conjunturais para seu apoio ao golpe, e conclui com a seguinte citação “à luz da história, olhando 50 anos depois, foi um erro, mas
naquele momento foi imprescindível para a manutenção da democracia”. De fato é preciso levar em conta a
conjuntura de 64, mas o editorial apresenta um cínico e falacioso argumento,
sendo seletivo em suas justificativas. O Globo oculta os benefícios que teve
por seu apoio ao golpe, oculta as relações do jornal com os golpistas e todo
contato que eventualmente foi feito com o regime. Pois é, apesar do “esforço”
editorial de O Globo a caixa preta da relação dos grupos de mídia com a
ditadura civil-militar de 1964 a 1985, que levou a construção de verdadeiros
impérios midiáticos, permanece inabalada.
Considerando o
momento atual de levantes de junho e julho e agosto, nos quais as Organizações Globo tornaram-se um dos principais alvos da fúria dos manifestantes, o que poderia
de alguma forma justificar a postura editorial de O Globo, há de se dar a César
o que é de César. A empresa já vem faz tempo fazendo exercício de mea
culpa. Em 2012, foi a vez de José Bonifácio, o famoso Boni, declarar em
entrevista à Globo News que a Rede Globo deu uma “ajudinha” ao candidato à
presidência Fernando Collor, em 1989. Em 2011, foi a vez da alta cúpula da
emissora divulgar sua Carta de Princípios Editorias das Organizações Globo,
numa orientação pública a seus funcionários e colaboradores. Mesmo que essas
atitudes não passem de uma mera maquiagem da empresa para melhorar sua imagem
perante a população, esses episódios servem para trazer a tona um debate acerca
do papel da mídia como porta voz do interesse público e o quanto estas
participam da vida econômica, política e cultural do país. Para completar, não
acho que as Organizações Globo tenham perdido a mão na condução de seus
negócios. Tais atitudes mostram que eles sabem exatamente o que querem, seja lá
o que for... Enxergo a Rede Globo como um córtex das Organizações Globo, dividida em
dois grandes grupos o CGJ (Central Globo de Jornalismo) que não vale muita
coisa e a CGP (Central Globo de Produções), responsável pela arte da emissora,
essa para mim, uma das melhores do mundo.
Por Thiago Sarro
Marinhos a frente!
Contramão. Gosto de pegar a contramão. Pelo visto gostamos de contramão as Organizações Globo e eu, principalmente o jornalismo global. Como explicitado no texto acima, o jornal O Globo pareceu admitir culpa por ter apoiado o Golpe Militar que impôs uma ditadura no país.
Bancar e apoiar o golpe foi uma decisão pessoal do jornalista Roberto Marinho. Sem dúvida um grande brasileiro, Roberto Marinho, por quem, não disfarço, nutro admiração impar, jamais usou de tal subterfúgio negando o que fizera. Pelo contrário. Sempre que indagado fazia questão de esclarecer que achava adequada sua postura. Estava errado, sabemos todos. Mas dava a cara a tapa ao afirmar o que afirmava.
Eis que seus filhos e os seus subalternos, maculando a meu ver o nome do pai que fez no dia 6 de agosto último 10 anos de morto, decidiram, sei lá quem assinou tal editorial, num texto confuso, admitir o que não admitiram. Em suma, nada de novo se leu.
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Coragem, Marinhos! |
É ai que entro de vez na contramão. Eu gostaria é que as Organizações Globo, como fizera seu patrono erradamente em 1964, tomasse partido da vida política nacional. Os bobos de sempre vivem de acusar a Globo do que ela não faz, inexplicavelmente não faz. Acusam o jornalismo da casa de agir contra o governo, de fazer campanha contra. Isso é tudo o que eles não fazem, para meu dissabor. Se fazem são de incompetência comovente, visto que perderam as últimas 3 eleições, por assim dizer.
Já no anedotário político nacional, é famosa a versão de que Roberto Marinho mandou editar os melhores momentos do último debate presidencial de 1989, segundo os bobos de sempre, dando a vitória a Collor contra Lula. Nada foi exatamente assim. Se o foi, palmas. Se o Lula de 2002 foi o que foi, o de 89 teria sido trágico. Roberto Marinho por suas convicções sinceras nos salvou da bancarrota.
Gostaria tremendamente que em vez de admissões rasteiras e oportunistas, o jornalismo de O Globo, da Globo e suas publicações batessem no governo, todos eles, do Rio, de São Paulo, do Federal, como manda a cartilha do bom jornalismo. Gostaria que o jornalismo deles e outros dessem a cara a tapa e escancarassem suas preferências politico-ideológicas. Não é o que ocorre. Não há mídia imparcial no Brasil. Sinto, quem crê em imparcialidade crê também em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e petista impoluto - a palavra é outra, mas não quero ser processado.
Nem culpado e nem inocente, nem ao lado do Golpe e nem ao lado de Lula. O lugar de O Globo é ao lado de seus leitores. Convém, para tanto, não serem rasteiros. Nem falsos. Jamais seu patrono o fora. Sigam o exemplo.
Por Gabriel Amaral
4 comentários:
No fim, ambos concordam de uma certa apatia (planejada ou não) por parte deles. Apesar de concordar com (quase) tudo que o Thiago escreveu e achar bastante sensata a resposta do Gabriel, penso que sempre terão uma opinião muito rasa sobre a mídia de massa e possíveis esquemas de manipulação, aqueles que não estão misturados nessa mesma sacola.
MERCENARIOS , nad mais.. servem a quem os paga..ontemos millitares, hoje a corja comunista
Sabendo que é vc, meu caro Igor posso responder sem amarras. Não rasa, mas sim parcial é a minha opinião. Entendo que também a do Thiago, mas não posso responder por ele. Vemos o mundo e por consequência a imprensa como nosso olhos. Refletem o que podemos vislumbrar. O que escondido está, só quem está no olho da tormenta sabe, por isso, a mim e a outros cabem só conjecturas. Na sacola a que você se referiu cabem mais manipulações do que imaginamos - e queremos.
Abraços!
Mercenários são, de certo. Que sirvam aos comunistas hoje e tenham servido aos militares sempre, há controvérsia.
Mas este não é assunto pra hoje.
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