terça-feira, 3 de setembro de 2013

O Globo, a Globo, Roberto Marinho e a Ditadura Militar. Nada foi dito!

Bem amigos da Rede Globo...

Na noite da ultima sexta-feira, pouco antes de dormir, abri o computador para dar aquela última olhada nas notícias. Em meio a notícias da Síria me deparo no site do O Globo com uma manchete que chamou minha atenção. Na hora percebi que aquilo iria repercutir. 
Passado, presente e futuro. 
 O editorial trazia a manchete Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro”. Engoli seco e pensei: vamos lá, essa leitura promete. Já me chamou a atenção logo o título, referindo-se a um golpe e não a uma revolução como o jornal tratou por certo tempo. Ao fim e ao cabo, a empolgação ficou mesmo pelo título, a redação do editorial trazia um mero exercício de justificativa, frustrando minha expectativa de ver aberta a caixa preta da relação da mídia com o governo militar. O Globo também tratou logo de jogar outros jornais na bacia das almas, como Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo, o Jornal do Brasil e o Correio do Brasil. Ao longo do texto, o jornal apresenta uma série de justificativas conjunturais para seu apoio ao golpe, e conclui com a seguinte citação “à luz da história, olhando 50 anos depois, foi um erro, mas naquele momento foi imprescindível para a manutenção da democracia”. De fato é preciso levar em conta a conjuntura de 64, mas o editorial apresenta um cínico e falacioso argumento, sendo seletivo em suas justificativas. O Globo oculta os benefícios que teve por seu apoio ao golpe, oculta as relações do jornal com os golpistas e todo contato que eventualmente foi feito com o regime. Pois é, apesar do “esforço” editorial de O Globo a caixa preta da relação dos grupos de mídia com a ditadura civil-militar de 1964 a 1985, que levou a construção de verdadeiros impérios midiáticos, permanece inabalada.

Considerando o momento atual de levantes de junho e julho e agosto, nos quais as Organizações Globo tornaram-se um dos principais alvos da fúria dos manifestantes, o que poderia de alguma forma justificar a postura editorial de O Globo, há de se dar a César o que é de César. A empresa já vem faz  tempo fazendo exercício de mea culpa. Em 2012, foi a vez de José Bonifácio, o famoso Boni, declarar em entrevista à Globo News que a Rede Globo deu uma “ajudinha” ao candidato à presidência Fernando Collor, em 1989. Em 2011, foi a vez da alta cúpula da emissora divulgar sua Carta de Princípios Editorias das Organizações Globo, numa orientação pública a seus funcionários e colaboradores. Mesmo que essas atitudes não passem de uma mera maquiagem da empresa para melhorar sua imagem perante a população, esses episódios servem para trazer a tona um debate acerca do papel da mídia como porta voz do interesse público e o quanto estas participam da vida econômica, política e cultural do país. Para completar, não acho que as Organizações Globo tenham perdido a mão na condução de seus negócios. Tais atitudes mostram que eles sabem exatamente o que querem, seja lá o que for... Enxergo a Rede Globo como um córtex das Organizações Globo, dividida em dois grandes grupos o CGJ (Central Globo de Jornalismo) que não vale muita coisa e a CGP (Central Globo de Produções), responsável pela arte da emissora, essa para mim, uma das melhores do mundo. 

 Por Thiago Sarro

Marinhos a frente! 

Contramão. Gosto de pegar a contramão. Pelo visto gostamos de contramão as Organizações Globo e eu, principalmente o jornalismo global. Como explicitado no texto acima, o jornal O Globo pareceu admitir culpa por ter apoiado o Golpe Militar que impôs uma ditadura no país. 
Bancar e apoiar o golpe foi uma decisão pessoal do jornalista Roberto Marinho. Sem dúvida um grande brasileiro, Roberto Marinho, por quem, não disfarço, nutro admiração impar, jamais usou de tal subterfúgio negando o que fizera. Pelo contrário. Sempre que indagado fazia questão de esclarecer que achava adequada sua postura. Estava errado, sabemos todos. Mas dava a cara a tapa ao afirmar o que afirmava. 
Eis que seus filhos e os seus subalternos, maculando a meu ver o nome do pai que fez no dia 6 de agosto último 10 anos de morto, decidiram, sei lá quem assinou tal editorial, num texto confuso, admitir o que não admitiram. Em suma, nada de novo se leu. 
Coragem, Marinhos! 
É ai que entro de vez na contramão. Eu gostaria é que as Organizações Globo, como fizera seu patrono erradamente em 1964, tomasse partido da vida política nacional. Os bobos de sempre vivem de acusar a Globo do que ela não faz, inexplicavelmente não faz. Acusam o jornalismo da casa de agir contra o governo, de fazer campanha contra. Isso é tudo o que eles não fazem, para meu dissabor. Se fazem são de incompetência comovente, visto que perderam as últimas 3 eleições, por assim dizer. 
Já no anedotário político nacional, é famosa a versão de que Roberto Marinho mandou editar os melhores momentos do último debate presidencial de 1989, segundo os bobos de sempre, dando a vitória a Collor contra Lula. Nada foi exatamente assim. Se o foi, palmas. Se o Lula de 2002 foi o que foi, o de 89 teria sido trágico. Roberto Marinho por suas convicções sinceras nos salvou da bancarrota.  
Gostaria tremendamente que em vez de admissões rasteiras e oportunistas, o jornalismo de O Globo, da Globo e suas publicações batessem no governo, todos eles, do Rio, de São Paulo, do Federal, como manda a cartilha do bom jornalismo. Gostaria que o jornalismo deles e outros dessem a cara a tapa e escancarassem suas preferências politico-ideológicas. Não é o que ocorre. Não há mídia imparcial no Brasil. Sinto, quem crê em imparcialidade crê também em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e petista impoluto - a palavra é outra, mas não quero ser processado. 
Nem culpado e nem inocente, nem ao lado do Golpe e nem ao lado de Lula. O lugar de O Globo é ao lado de seus leitores. Convém, para tanto, não serem rasteiros. Nem falsos. Jamais seu patrono o fora. Sigam o exemplo. 

                                                                                                     Por Gabriel Amaral 

4 comentários:

Anônimo disse...

No fim, ambos concordam de uma certa apatia (planejada ou não) por parte deles. Apesar de concordar com (quase) tudo que o Thiago escreveu e achar bastante sensata a resposta do Gabriel, penso que sempre terão uma opinião muito rasa sobre a mídia de massa e possíveis esquemas de manipulação, aqueles que não estão misturados nessa mesma sacola.

Anônimo disse...

MERCENARIOS , nad mais.. servem a quem os paga..ontemos millitares, hoje a corja comunista

Gabriel Amaral disse...

Sabendo que é vc, meu caro Igor posso responder sem amarras. Não rasa, mas sim parcial é a minha opinião. Entendo que também a do Thiago, mas não posso responder por ele. Vemos o mundo e por consequência a imprensa como nosso olhos. Refletem o que podemos vislumbrar. O que escondido está, só quem está no olho da tormenta sabe, por isso, a mim e a outros cabem só conjecturas. Na sacola a que você se referiu cabem mais manipulações do que imaginamos - e queremos.
Abraços!

Gabriel Amaral disse...

Mercenários são, de certo. Que sirvam aos comunistas hoje e tenham servido aos militares sempre, há controvérsia.
Mas este não é assunto pra hoje.