sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A Grande Ilusão

Texto longo, queridos. A situação merece. 

O gigante que nunca foi grande dorme sono profundo. Passa apressadamente ao largo da confusão que lhe rodeia. Professores de um lado; policiais militares do outro. Pelo meio da contenda armada a cidade corre para pegar o metrô o menos cheio possível, corre para pegar o trem o menos abarrotado possível, espera o ônibus menos lotado. O transporte público carioca merece texto a parte. 

      



Surpreendo quem me conhece ao estar - até a página 2 - ao lado dos professores grevistas. Até os reacionários sabem o quão ruim é a educação no país. Não é preciso ser black bloc nem pseudo-educador paulo freiriano para notar o óbvio. Mais: que o governo de binômio Eduardo Paes/Sérgio Cabral é doloso ao Rio de Janeiro é constatação que faço desde sempre, antes e agora com o blog. Os revolucionários de facebook, antes de me criticar, que consultem o arquivo do blog, deixando de lado a preguiça. 

Entre professores, policiais e o grosso da população, governos; o estadual, o municipal e o federal. É bom lembrar, dificilmente Sérgio Cabral e Eduardo Paes teriam se reelegido sem o apoio incondicional e inconteste do governo federal. Pode parecer deslocada a citação crítica a esfera federal. Não é. E isso diz e dirá muito do momento grevista. 


Pode ser só mais uma teoria e posso, como qualquer analista, errar forma e conteúdo, mas não espanta a vocês a calma e aparente falta de interesse demostrada pelo prefeito e pelo governador, que se negam a resolver as questões apresentadas? 


Pois a mim causa estranheza imensa. Dois homens públicos acossados por manifestações públicas, acusados de vilanias diversas e nada parece lhes tirar a fleuma. Um usa a polícia - que com seu despreparo habitual e em alguns casos burrice, torna difícil sua defesa. O outro se nega a qualquer conversa. 



Ignorância sem limite


Burrice sem limite

O que penso disso? Imagino que na hora apropriada, como se trata de política e tão meramente de política, o governador voador e Dudu pugilista convocarão o 9 dedos sindical e o poste bolado para conterem a sanha do Sepe-RJ. O sindicato, esbirro politico da esquerda nacional mais cômica, diante da ameaça de se verem frente a seus supremos inimigos, o PSDB, vão fechar com o que já está por ai. Assinarão acordo de empate, comemorarão como vitória. Todo mundo terá perdido. 

Até lá, sabe-se lá até quando, o pau continuará a cantar em praça pública. 

Entre os professores, despreparados para dar aula e para se manifestarem, Mídia Ninja, Black Blocs, gente infiltrada, vândalos e vadios. Entre a polícia, despreparados, vândalos, vadios e bandidos de farda. Não são maioria em lado algum, mas os bons tem se calado e no desespero consentido com a selvageria. 


O governador continua a dormir tranquilo. Quer fazer de si próprio ministro, na marra, e fazer político um dos seus filhos. Deve conseguir. Pretende fazer do atual vice futuro governador. Será mais difícil, mas quem duvida? O prefeito dorme tranquilo. Com percalços seguirá impávido seu mandato. 



Quem sabe um dia o gigante realmente acorde, longe de amarras ideológicas, longe dos extremistas, longe da idiotia vândala - que vem, é bom ressaltar, de todos os lados. Enquanto isso, a passagem continuará escorchantes R$ 2,75. Os famosos 0,20 centavos ainda pagaremos de forma indireta. Alguém duvida? Indenizaremos os pobres coitados da família Moreira Salles, do Itaú, os pobres banqueiros do Bradesco, os espanhóis falidos do Santander, àqueles que tem nas mãos a manutenção das contas bancárias daquela massa que continua correndo para pegar o trem menos lotado, o metrô menos lotado, o ônibus menos lotado. Logo eles, que tanto precisam de melhores professores, de professores melhor remunerados, de uma melhor polícia, mas ficarão com o de sempre. O Status Quo mantido. 

As manifestações de junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro se não mudarem decisivamente o que está estabelecido ai, nada mais terão sido que a Grande Ilusão. 

2 comentários:

Anônimo disse...

Texto perfeito. Mas tenho que confessar que esperava uma solução sua no final depois de ler, só mostrar os erros não ajuda na solução. Sinceramente, ao meu ver, o apropriado seria surgir um segundo Hitler e matar todo mundo nessa porra deixando somente os puros. Abraços Gabriel.

Gabriel Amaral disse...

Só um tolo dos grandes pode querer um novo Hitler ou um novo qualquer coisa a direita ou a esquerda. Embora saiba que o anônimo acima tenha elogiado o texto a título de deboche, vou deixar o comentário ai, exposto, como amostragem gratuita que pode existir burrice sem xingamentos. Burrice quando fica só na argumentação farsesca é superior aos impropérios dos ensandecidos. Em suma: sua burrice é uma dádiva!